Notícias
Naped

UNIDEP promove painel sobre diversidade e educação durante Semana de Desenvolvimento Docente

Compartilhe

O Centro Universitário de Pato Branco (UNIDEP) realizou, nesta segunda-feira (07/07), o painel “Diálogos que educam, diversidades que transformam”, como parte da programação da Semana de Desenvolvimento Docente 2025/2. O encontro reuniu a professora Dra. Roseli Alves dos Santos, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), o presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, Aloísio Justino Nascimento, e o gerente nacional de Ensino da Afya, Me. Denny José Almeida Costa, que participou de maneira remota. A mediação foi conduzida pela professora Ma. Julia Marçal Dambrós, docente do curso de Direito do UNIDEP.

A abertura do evento foi conduzida pela reitora do UNIDEP, professora Ornella Bertuol, que apresentou as ações do Grupo de Trabalho de Igualdade Racial da Instituição — entre elas, a criação do Comitê Interno de Multidiversidade, Equidade e Inclusão (CIMEI). “Na busca pela promoção da igualdade racial e enfretamento ao racismo, precisamos promover ações de educação. Que esse seja um tema constante no UNIDEP, capaz de provocar transformação e inquietação em nossos espaços de aprendizagem. Afinal, a diversidade é, sem dúvida, um elemento que impulsiona as transformações necessárias em nossa sociedade”, destacou Ornella.

Organizada pela Pró-Reitoria Acadêmica, por meio do Núcleo de Apoio Pedagógico e Experiência Docente (Naped), a Semana tem como tema “Construindo currículos, práticas e comportamentos inclusivos” e visa fortalecer uma educação universitária comprometida com a equidade, com ênfase na diversidade de saberes e práticas que promovem ambientes acadêmicos mais acessíveis, plurais e transformadores.

A professora Carla Maria Ruedell, pró-reitora Acadêmica, também reforçou a importância do momento formativo. “O planejamento é uma construção contínua em nossos colegiados e deve ser preconizado por todos os nossos docentes, constituídos de muita diversidade profissional. O professor deve ser um eterno aprendiz, manter-se conectado com a inovação e com a formação contínua, para que nossos alunos tenham a melhor experiência de aprendizagem”, afirmou.

Diversidade e equidade na formação do cidadão do amanhã

Durante o painel, os convidados refletiram sobre o papel da educação na transformação social, trazendo diferentes perspectivas sobre diversidade, inclusão, justiça racial e interseccionalidade no ambiente acadêmico. O presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, Aloísio Justino Nascimento, destacou a importância da formação de uma mentalidade antirracista.

“Vivemos 350 anos de escravização, mais de 100 anos de criminalização de práticas religiosas e culturais de matriz africana, e hoje ainda colhemos os efeitos da ausência de reparação após a abolição. A falta de políticas efetivas gerou uma condição de subcidadania que atravessa séculos. Enfrentar essa desigualdade exige um compromisso coletivo com ações afirmativas e de justiça social”, enfatizou Aloísio.

Para ele, “formar o cidadão de amanhã com consciência antirracista é fundamental para a construção de um país onde todos possam viver em igualdade”. Aloísio também lembrou que a desconstrução do racismo estrutural deve ser uma ação permanente, e que “não sentir a dor do outro não significa que essa dor não exista”.

A mudança começa em sala de aula

A professora Dra. Roseli Alves dos Santos ressaltou a relevância de o UNIDEP abrir espaço para debates como esse. “Ser educador é constituir um espaço de formação. Como os profissionais que estamos formando vão atuar diante da diversidade? Isso começa nos planos de ensino, na escolha dos autores que lemos — negros, mulheres, LGBTQIAPN+ — e na valorização de epistemologias do Sul, que desafiem o conhecimento branco, eurocentrado e heteronormativo dominante”, afirmou.

Ela também destacou a necessidade de tratar a interseccionalidade de gênero com seriedade: “Falar da mulher branca e da mulher negra não é a mesma coisa. Não posso aplicar o mesmo tratamento a pessoas com vivências e realidades diferentes. Não se trata apenas de igualdade, mas de equidade”, disse.

Roseli reforçou, ainda, que a sala de aula deve ser um espaço seguro para que os estudantes possam ser quem são: “Negros, negras, gays, lésbicas, pessoas trans — cabe ao professor garantir esse espaço de respeito. Isso exige escuta ativa, atenção às microviolências e a adoção de práticas pedagógicas realmente inclusivas”, ressaltou.

Como combater e não reproduzir as microagressões?

Já o gerente nacional de Ensino da Afya, Me. Denny José Almeida Costa, compartilhou uma série de orientações práticas para o cotidiano docente, abordando microagressões de raça, gênero e cor que ainda persistem no ambiente universitário. Ele destacou a necessidade de atenção a falas, condutas e estruturas que reforçam exclusões, além de sugerir dez atitudes antidiscriminatórias que podem ser adotadas dentro e fora da sala de aula.

Mediadora do painel, a professora Ma. Julia Marçal Dambrós, mulher lésbica, relatou sua experiência em conduzir debates sobre temas sensíveis na graduação em Direito. “Neste semestre, trabalhamos com a criminologia queer. Quando o tema é tratado com seriedade e respeito, o diálogo tende a ser profícuo, mas isso não significa que seja fácil. São temas que exigem preparo, sensibilidade e coragem docente”, ressaltou.

Programação

A Semana de Desenvolvimento Docente 2025/2 do UNIDEP iniciou em 30 de junho com a formação “Círculos de diversidade: rumo a práticas transformadoras”, conduzida por Tati Brandão, psicossocióloga e doutoranda pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). A formação foi voltada a docentes e colaboradores administrativos e contou com apoio do Setor de Gestão e Desenvolvimento de Talentos (Gesta).

De 02 a 08 de julho, os colegiados dos cursos reúnem-se para realizar o planejamento acadêmico e organizar ações voltadas ao Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e ao Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed).

Oficinas e gamificação

A programação se encerra nesta terça-feira (08/07), com oficinas e a exposição “Jogos de tabuleiro e aprendizagem ativa”, conduzida pela professora Gabrielli Baschung Socha, que abordará a gamificação como estratégia metodológica no processo de ensino-aprendizagem, apresentando mais de 30 jogos de tabuleiro.

Ainda nesta terça-feira (08/07), ocorrerão quatro oficinas: a) “Da matriz de encomenda ao item: análise e curadoria de itens”, com as professoras Vidiany Queiroz Santos (Medicina), Kelly Zavadski (Naped) e Gabrielli Baschung Socha; b) “Designs de provas usando a IA”, com os docentes Graziela Scopel (Naped) e Everton Lozáppio (Publicidade e Propaganda); c) “Didática de casos clínicos: metodologias interprofissionais”, com os professores Jucimar Milan (Medicina), Mateus Signorati (Medicina) e Suzane Skura (Psicologia); d) “Scape room pedagógico”, com as professoras Patricia Herkert (Biomedicina), Keli Starck (Nead) e Graciela Gregolin (Odontologia).

------------

Matéria: Profa. Jozieli Cardenal Suttili / Jornalista MTB 9268 – PR
Coordenadora da Agência Experimental de Comunicação do UNIDEP
Fotos: Alan Winkoski, Agência Experimental de Comunicação do UNIDEP
Contato: [email protected]

Ver álbum completo