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Medicina

Liga de Medicina promove curso de Crioulo Haitiano

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Desde o mês de julho, a Liga Acadêmica de Humanidades Médicas (Lahum) do curso de Medicina do Centro Universitário de Pato Branco (UNIDEP) está promovendo um curso de Crioulo Haitiano, ministrado por imigrantes haitianos, por meio da Organização Universal para o Desenvolvimento Sociocultural (Oudes). A partir do aprendizado, que já totalizou 33 horas de aulas presenciais e remotas, o grupo de estudantes iniciará, em 2022, atendimentos mais inclusivos ofertados à comunidade haitiana que reside em Pato Branco, a serem realizados no Ambulatório Municipal - Unidade Escola UNIDEP. Os alunos também planejam realizar atendimentos domiciliares.

A acadêmica do 8º período do curso de Medicina, Alini Cristini Zandonai, fundadora e presidente da Lahum, conta que a ideia surgiu a partir de um atendimento a uma paciente haitiana, realizado por ela no Ambulatório Escola. “Fiquei muito comovida com o fato de não conseguir atendê-la adequadamente, por não saber seu idioma. A consulta era de ginecologia, logo, a privacidade era fundamental. Mas, infelizmente, ela teve que ser acompanhada por seu esposo, que fez a tradução do atendimento. Então, resolvi buscar um meio de ajudar essa população tão presente no município de Pato Branco, organizando o curso de Crioulo Haitiano, que também contará com uma etapa de visitas domiciliares aos haitianos e atendimentos ambulatoriais destinados a eles”, explica.

Alini enaltece a importância da experiência para a sua formação. “O principal ensinamento que recebo todos os dias, no UNIDEP, é que devemos olhar para cada um de nossos pacientes com cuidado, amor e respeito. Aprender Crioulo Haitiano vai muito além de saber um novo idioma. O principal objetivo da iniciativa é levar qualidade de vida aos pacientes haitianos, cumprindo com seus direitos básicos e com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS)”, ressalta. 

O curso é ministrado pelo imigrante Marcelin Pierre, formado em Administração e presidente da Oudes. Ele também é professor de idiomas (Francês, Crioulo Haitiano e Português). Além dele, nos momentos práticos, outros haitianos também participaram e auxiliaram os alunos de Medicina a treinarem o idioma. “O conteúdo ministrado foi voltado a atendimentos de saúde. Os acadêmicos aprenderam o alfabeto crioulo, artigos definidos e indefinidos, conjugação de verbos, tempo verbal, gerúndio, formas afirmativa, negativa e interrogativa, regras gramáticas, expressões e vocabulários importantes, numerais, direções, alimentos, entre outros. Também tivemos muitos momentos destinados à conversação focada na saúde”, explica.

Marcelin aponta a relevância da iniciativa, considerando as dificuldades enfrentadas por imigrantes em momentos de atendimentos médicos em virtude da comunicação. “O haitiano muitas vezes não consegue explicar o real o motivo da consulta, tampouco compreender e seguir as instruções do médico. Esse é um movimento espontâneo de acadêmicos, finalmente um grupo de estudantes na área de Medicina decidiu colocar a mão na massa. Para mim, essa turma é nota 10, mas, no próximo ano, gostaria de ter mais pessoas da área da saúde estudando Crioulo Haitiano”, avalia. 

Para a acadêmica Maria Laura Mezomo Carneiro, do 6º período de Medicina, a simulação de atendimento com supervisão do professor Marcelin foi um dos momentos mais marcantes do curso. “O Crioulo Haitiano não tem uma gramática complexa, isso facilita no entendimento e na formação das frases, então se você aprender a base, fica muito mais fácil evoluir no aprendizado do idioma. Vale lembrar que o professor influencia muito nesse aprendizado, e o professor Marcelin explica tudo com tanta paciência e conhecimento que você nem percebe que as horas passam. Está sendo uma experiência maravilhosa!”, completa.

Atualmente, sete acadêmicas de Medicina participam do curso, estudantes dos 2º, 6º e 8º períodos, são elas: Alini Zandonai, Alessandra de Souza Lima, Bruna Souza Lima, Daiana Pit Paz, Isadora Maria dos Santos, Maria Laura Mezomo e Maria Stella Alves. 

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Matéria: Profa. Ma. Jozieli Cardenal Suttili / Jornalista MTB 9268 – PR

Coordenadora da Agência Experimental de Comunicação do UNIDEP

Fotos: Alan Winkoski, Agência Experimental de Comunicação do UNIDEP

Contato: [email protected]

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