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FADEP ofertou oficina de Classificadores em Libras com diretor regional da Feneis

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Participaram do evento alunos de diferentes Estados, inclusive de São Paulo

No último sábado (20/07), como parte das ações voltadas à inclusão da pessoa surda através da disseminação da Língua Brasileira de Sinais (Libras), promovidas pela Faculdade de Pato Branco (FADEP), por meio da Coordenação de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Inovação (COPPEX), aconteceu a Oficina de Classificadores em Libras, ministrada por Luciano Canesso Dyniewicz, diretor regional da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis). Além de mobilizar o público da região – com participantes de Pato Branco, Verê, Coronel Vivida e Chopinzinho –, o evento também atraiu pessoas de Chapecó, Xanxerê e, inclusive, do estado de São Paulo.

“Ver a casa cheia, ao ofertar uma oficina voltada ao aperfeiçoamento em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é fato que nos enche de orgulho”, destaca a professora Ma. Marielle Sandalovski Santos, da Coordenação de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão (COPPEX). “Esse fato também demonstra a representatividade da Feneis na região, e a expectativa dos alunos em poder compartilhar vivências com o Luciano”, complementa.

De acordo com Luciano Canesso Dyniewicz, o classificador é apto a traduzir o Português para a Libras, de forma muito mais completa, pois entende a palavra e também o contexto em que ela está inserida. “Tive um aluno que traduziu 30 segundos de uma apresentação minha em quatro páginas, usando a técnica da classificação em Libras, pois ela oportuniza uma tradução muito mais completa, utilizando-se, inclusive, de metáforas na compreensão das variáveis que uma única palavra pode representar”, contou.

Luciano lembrou que a classificação em Libras é uma técnica complexa, que demanda treino e estudo contínuo. “Eu costumo pedir para que os meus alunos literalmente fechem a boca e passem a utilizar as mãos para se comunicarem, para poderem treinar. Em momentos como este, a ideia é que as pessoas sejam estimuladas a continuar em contato com a sociedade e aperfeiçoando a técnica por meio da Libras”, destacou.

Esta foi a primeira vez que Luciano esteve em Pato Branco. Para ele, que é surdo e atua como voluntário na Feneis Paraná há 13 anos, iniciativas como as que estão sendo desenvolvidas na FADEP são fundamentais para a comunidade surda, que já foi tão esquecida pela sociedade. “Sou voluntário na Feneis e viajo o Paraná disseminando a importância da qualificação em Libras, incentivando os surdos a continuarem estudando, entrando em cursos de mestrado e doutorado. Espero plantar sementes e que estas possam frutificar. Agradeço à FADEP por ter acreditado nesse projeto, ofertando cursos e oficinas voltados ao aprendizado da Libras, postura que merece toda a nossa valorização”, pontuou.

Luciano é bacharel em Ciência da Computação pela PUC-PR (2005), especializado em Educação Bilíngue para Surdos no Instituto Paranaense de Ensino, também possui proficiência para Docência em Libras, reconhecida pela Secretaria de Estado da Educação e pelo Ministério da Educação. Para ministrar a oficina, Luciano contou com a interpretação e tradução de Clicélia Coutinho de Oliveira, bacharel em Direito, tradutora intérprete que também é voluntária da Feneis Paraná. Ela participou anteriormente do curso de extensão ministrado pela FADEP, falando sobre a legislação brasileira e enaltecendo a importância da formação de profissionais aptos a traduzir e interpretar a Língua Brasileira de Sinais, em um encontro realizado em maio.

As ações da FADEP, voltadas à inclusão da pessoa surda por meio da aprendizagem da Libras, conta com a idealização de dois professores titulares, Luciana de Freitas Bica e Heron Rodrigues da Silva. Luciana possui graduação em Psicologia e em Letras Libras Licenciatura. É acadêmica do curso de Letras Libras Bacharelado na Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unioeste) e na Faculdade Eficaz, além de ser mestranda na área da Educação.  Heron Rodrigues da Silva, por sua vez, possui pós-graduação em Educação Especial, na área da surdez, com ênfase em Libras. É graduado em Educação Física e acadêmico de Letras Libras Licenciatura.

De São Paulo para Pato Branco em busca de aprendizado

Foram mais de nove horas de ônibus, além do percurso de avião, para que Rosemeire Aparecida Antunes Desidério viesse do interior de São Paulo para participar da oficina. Ela, que é docente da Unicamp há 16 anos e professora da Faculdade UniJÁ na cidade de Ortolândia, é especialista em Educação de Surdos, pedagoga e especialista na tradução e interpretação de Libras para a Língua Portuguesa, buscou a formação em Pato Branco, especialmente devido à participação de Luciano Dyniewicz.

“Vim em busca de novos conhecimentos, por ser um curso oferecido pela Feneis, com o professor Luciano. Em São Paulo, há vários cursos, oficinas e workshops, mas o que me motivou a vir a Pato Branco foi a participação de Luciano, em virtude da sua experiência e das suas vivências. Fico muito feliz em ver que a FADEP está realizando esse movimento, para ajudar na propagação do ensino voltado à comunidade surda”, relatou Rosemeire, que também é surda.

Aprendizado para a vida toda

Alan Matheus Fraron dos Santos, 20 anos, é estudante de Educação Física. Aluno do curso de extensão em Libras ofertado pela FADEP, ele optou em também participar da oficina de Classificadores por reconhecer que a comunicação entre surdos e ouvintes é uma lacuna social. “Essa necessidade de comunicação é muito grande para ambas as partes, pois faltam pessoas aptas para ajudar, com vontade para aprender a Libras e incluir o surdo. Ver esses problemas, e muitos outros, foi o que me motivou a buscar ajudar o próximo e a contribuir por uma sociedade mais justa”, contou.

Joana Carraro, 18 anos, acadêmica de Pedagogia, também é aluna do curso de extensão em Libras ofertado pela FADEP. “Foi maravilhoso participar da oficina, pois aprendemos muito sobre os Classificadores, coisa que para nós, ouvintes, é muito difícil. Como eu estou estudando para entrar na área da Educação, ter essa experiência em Libras, com certeza, vai me ajudar muito, pois agora consigo me comunicar melhor com os surdos que eu conheço e até mesmo em situações que vivencio no meu dia a dia”, destacou.

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Matéria: Profa. Ma. Jozieli Cardenal Suttili / Jornalista MTB 9268 – PR

Coordenadora da Agência Experimental de Comunicação da FADEP

Fotos: Alan Winkoski, acadêmico do 6º período de Publicidade de Propaganda da FADEP.


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