Em projeto voluntário, pessoas surdas estão recebendo um atendimento inclusivo e humanizado, ofertado por alunos e docentes no Ambulatório Municipal - Unidade Escola UNIDEP
8/3/2021
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O curso de Medicina do Centro Universitário de Pato Branco (UNIDEP), por meio do Centro Acadêmico de Medicina XXV de Setembro e da Coordenação do Curso, está desenvolvendo um projeto-piloto, visando formar um comitê da Federação Internacional de Associações de Estudantes de Medicina (IFMSA) na IES. O projeto em desenvolvimento é voltado ao atendimento humanizado ofertado no Ambulatório Municipal - Unidade Escola UNIDEP à população surda de Pato Branco.
O coordenador do curso de Medicina e voluntário no projeto, professor Me. Vilson Geraldo de Campos, explica que a iniciativa consiste em atendimentos ambulatoriais voltados à população surda do município de Pato Branco, iniciados no final de fevereiro. “O acolhimento ocorre por meio de consultas de rotina, as quais terão a duração de 1 hora, em que os pacientes surdos também podem tirar dúvidas a respeito da prevenção e vacinação contra o Covid-19”, pontua.
A docente do UNIDEP, professora e intérprete de Libras, Luciana de Freitas Bica, é voluntária no projeto, juntamente com o professor surdo Heron Rodrigues da Silva, formado em Licenciatura Letras-Libras. Ela explica que antes dos atendimentos iniciarem, o grupo de alunos, formado por estudantes do 4º ao 8º períodos, passou por uma etapa de formação sobre Libras na área médica, com foco em anamnese e Covid-19. “Os alunos estão sendo constantemente capacitados para esse tipo de atendimento. Além da formação para o projeto, eles cursaram a matéria eletiva de Libras em 2019 e também tiveram acesso a cursos de extensão, bem como palestras ofertadas pela IES”, pontua Luciana.
Os atendimentos estão sendo realizados aos sábados, considerando a demanda sinalizada pelos surdos, que estão sendo mobilizados a agendarem os atendimentos diretamente com os docentes voluntários da ação ou pessoalmente, junto ao Ambulatório Escola – situado na Rua Paraná, 340.
Formação humanizada
A acadêmica do 7º período do curso de Medicina do UNIDEP, Alini Zandonai, e que preside o Centro Acadêmico de Medicina XXV de Setembro, enaltece a importância da iniciativa para a formação dos futuros médicos, bem como para a qualidade de vida dos pacientes surdos. “A população surda ainda tem bastante dificuldade de inserção na comunidade, especialmente no que diz respeito à área da saúde. Ao consultar com médicos que não sabem Libras, esses pacientes perdem sua autonomia e privacidade – quando levam algum familiar ou intérprete junto –, ou acabam não sendo devidamente compreendidos – quando vão sozinhos à consulta – o que dificulta um diagnóstico correto e uma conduta adequada. Acredito que um bom médico precisa, antes, ser um bom cidadão. O desenvolvimento de habilidades de inclusão e de acolhimento torna-nos mais humanos e verdadeiramente dignos para o exercício de nossa futura profissão”, salienta Alini.
Segundo Alini, a mobilização do CA juntamente com os professores voluntários objetiva oportunizar uma formação ética, inclusiva e humana. “Como tivemos contato com as aulas eletivas de Libras, despertamos um grande amor pelo acolhimento da população surda. Então, quando surgiu a necessidade de criar um projeto voltado à comunidade, pensamos em realizar algo destinado a esse público. Acredito que, assim, além de estarmos abrindo espaço à essa população reprimida, também estaremos auxiliando em uma educação médica de qualidade, focada no ser humano e não apenas na doença”, completa Alini.
O projeto
A Federação Internacional de Associações de Estudantes de Medicina (IFMSA) consiste em uma organização não governamental de estudantes de Medicina, presente em mais de 100 países e apoiada por entidades como ONU, UNICEF, UNESCO e OMS. Para a admissão do Comitê, os alunos envolvidos devem passar por algumas etapas, bem como desenvolver um projeto que impacte a comunidade de forma positiva.
Nos atendimentos, alunos do curso de Medicina do UNIDEP, supervisionados por docentes, realizam um atendimento ambulatorial e clínico completo, por meio da entrevista, seguida por exame físico, solicitando exames complementares e prescrevendo medicamentos quando necessário.
O projeto, que está sendo denominado de “MedLibras UNIDEP”, tem duração prevista de um mês, sendo dois dias destinados à formação e quatro dias voltados ao atendimento. A intenção, porém, é proporcionar atendimentos contínuos à comunidade surda, criando um serviço permanente destinado a esse público em Pato Branco. “Haverá uma fusão com o projeto de outra aluna do UNIDEP, Maria Vellozo, que teve a ideia inicial de realizar atendimentos à essa população”, conclui Alini.
Participam do projeto os acadêmicos Adolfo Lagni Berlatto, Alini Zandonai, Angélica Denardi, Briane Bohrer Andrigo, Joslaine Schuartz Iachinski e Maria Eduarda Scotti Alérico.
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Matéria: Profa. Ma. Jozieli Cardenal Suttili / Jornalista MTB 9268 – PR
Coordenadora da Agência Experimental de Comunicação do UNIDEP
Fotos: Alan Winkoski, Agência Experimental de Comunicação do UNIDEP
Contato: [email protected]