31/8/2018
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Abrir o próprio negócio continua sendo o sonho de muita gente, principalmente por que provavelmente todos conhecem alguém que, em algum momento de sua vida, arriscou a estabilidade do emprego fixo para empreender. Os casos de insucesso, é bem verdade, existem, e são muitos. Mas também é verdade que há muita gente que trocou o certo pelo duvidoso e se deu muito bem. Por outro lado, ainda que pesquisas indiquem que ser dono do próprio negócio é o sonho de 70% da população economicamente ativa do país, o número de empresas que sequer chegam ao primeiro ano de vida ainda é preocupante. Comprometida com desenvolver o espírito do empreendedorismo em seus acadêmicos, a Fadep, em vários de seus cursos, mantém disciplinas específicas e atividades especialmente formatadas para este propósito.
No curso de Gastronomia, por exemplo, entre outras disciplinas, há módulos específicos de Empreendedorismo e Plano de Negócios, ministrados pelo professor Altevir Pivatto Junior. E foi elaborando um plano de negócios, a princípio apenas voltado para simular situações reais, que as acadêmicas Aline Tesser, Fabiana Miozzo, Géssica Miozzo e Cristiane Bresolin, do 4º período, tiveram a iniciativa de tirar a ideia do papel e lançar uma linha de geleias artesanais, o que foi feito no decorrer da disciplina de Empreendedorismo. E foi Géssica, na noite de degustação dos produtos, na última segunda-feira (27) quem explicou como tudo aconteceu: “Produzir geleias artesanais era uma ideia da Fabiana, minha irmã, mas fora preparar as receitas, não sabíamos muito como dar o próximo passo. Na matéria do professor Pivatto conseguimos desenvolver o projeto e trazê-lo para a realidade, permitindo com que já consideremos a hipótese de começar a produzir nossas geleias em maior escala, e não apenas sob demanda, como estamos fazendo agora”.
Conforme Fabiana, autora da ideia de produzir geleias artesanais, há um grande diferencial nos produtos por elas fabricados e comercializados, qual seja, uma preocupação com a sustentabilidade, na medida em que serão utilizadas apenas frutas que, por não estarem em condições ideais de aparência, embora próprias para o consumo, não são comercializadas pelos supermercados e fruteiras. Sobre isso, Cristiane, colaboradora de um supermercado local, lembra que há uma perda significativa de produtos da linha hortifruti que são dispensados apenas por não apresentarem uma aparência saudável, fator que torna a produção das geleias algo ainda mais interessante sob o ponto de vista financeiro. “Acompanhando o dia a dia do supermercado onde trabalho é possível perceber uma perda expressiva de produtos que não chegam até o consumidor final. Isso acaba sendo uma oportunidade para a produção de nossas geleias, nas quais aproveitamos até mesmo a casca dos produtos, o que ainda aumenta em até 30% o valor nutritivo do que produzimos” destaca a acadêmica. Coincidência ou não, este é o percentual aproximado de frutas que não são comercializadas por conta de não estarem apetitosas para os olhos, conforme ressalta Aline, lembrando que foi a partir desta constatação que o grupo procurou frutarias e supermercados para fazer parcerias, no sentido de aproveitar as frutas desperdiçadas.
Empreendedorismo no ramo gastronômico
Quem vibrou com a iniciativa das acadêmicas foi a coordenadora do curso, professora Flávia Gnoatto, que vê no ramo da alimentação e da gastronomia uma área com excelentes perspectivas para quem pensa em abrir o próprio negócio. “Ao trazer para o curso disciplinas dessa natureza, produzimos um movimento que, além de fomentar a vontade de ter o próprio negócio, aumenta a autoconfiança dos acadêmicos, fazendo com que eles passem a considerar esta hipótese a partir de uma perspectiva mais realista, onde o sonho é acompanhado pelo planejamento e pelo estudo de viabilidade do negócio”, pondera Flávia, lembrando que a iniciativa das acadêmicas, considerando que os produtos já estão sendo vendidos, é um exemplo de que “dá para fazer muito mais do que se imagina”.
Mas é bom lembrar que apenas querer empreender não basta, como bem destaca o titular das disciplinas na qual o projeto foi desenvolvido. Nesse aspecto, Pivatto ressalta a importância de que, na busca da viabilidade do negócio, algumas variáveis fundamentais sejam analisadas e investigadas em profundidade. “O modelo de negócios de Geleias Gourmet é um exemplo disso, com os produtos passando a ser comercializados, ainda que sob demanda, somente após as acadêmicas se certificarem de que havia um mercado potencial para os produtos”, destaca o docente. E com o entusiasmo dos colegas que participaram da degustação, Pivatto, otimista, alerta para a possibilidade de que novos produtos, produzidos a partir da iniciativa dos acadêmicos, cheguem ao mercado.